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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ataxia - Automatic Writing (2004)


John Frusciante é um cara inquieto. O guitarrista do Red Hot Chilli Peppers mantém vários projetos solo paralelamente à banda. Um deles foi (de "não é mais") o Ataxia, que formou junto com Joe Lally, do Fugazi, no baixo e Josh Klinghoffer, do The Bycicle Thief, nas panelas. A banda teve uma carreira breve, durando dois shows e dois álbuns, escritos e gravados em duas semanas, porém com um intervalo de lançamento de 3 anos entre eles.

Sobre o som, é seco e direto. O bom e velho trio guitarra-baixo-bateria, sem firula. Muito lembra o Shellac, de Steve Albini, que em breve eu solto por aqui. É noise, guitarras agudas e baixo ribombante, pulando na caixa de tão grave. Todas as faixas tem uma levada pesada, lenta e arrastada, mas extremamente relaxante.

Frusciante aparece nos vocais em "Dust", "The Sides" e "Addition", enquanto Lally canta em "Montreal" e Klinghoffer assume o microfone em "Another". Não dá pra destacar nenhuma faixa, pois é um álbum homogeneamente bom. Mas a minha preferida é a baladinha "The Sides". É uma pena o projeto ter sido descontinuado. Porque se eles conseguiram escrever um álbum acima da média em meras duas semanas, ainda tinha muito coelho pra sair dessa cartola. Mas fica o registro.

01. Dust
02. Another
03. The Sides
04. Addition
05. Montreal

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Neon Indian - Psychic Chasms (2009)


O Neon Indian é Alan Palomo, a criatura e criador da parafernália eletro-analógica dessa que já pode ser considerada uma das bandas mais legais surgidas nesse século, por um único motivo: o resgate do fim do século passado. O Neon Indian não é inspirado pelos anos 80, ela é simplesmente uma banda dos anos 80 perdida do lado de cá do calendário. Sintetizadores boiam à deriva, junto com milhares de efeitos sonoros que preenchem cada espaço em branco possível, tornando tudo muito amarelo, verde, azul e vermelho. Fluorescente, claro.

Mas Alan sabia que não bastaria criar as músicas com os mesmos instrumentos/efeitos da época. Era preciso resgatar o ambiente, os delays, o som sujo de toca-fitas Phillips ou Roadstar ou de rádio AM, com a música flutuando de um canal a outro e trechos abafados. Tudo para você se sentir dentro de uma bolha de Bubbaloo. Ou seja, uma pós-produção do caralho.

Com essa jogada de gênio, Alan - logicamente - colheu todos os louros da fama, ganhando críticas positivas de todos os lados, incluindo uma nomeação de "Best New Music" pelo conceituado site de música indie Pitchfork, que também elegeu duas músicas do álbum para seu Top 100 de 2009 ("Should Have Taken Acid With You" em 74º e "Deadbeat Summer" em 13º).

É impossível destacar uma ou duas músicas desse disco, tamanha a sua perfeição e nostalgia evocada, desde a introdutória vinheta "(AM)" à dançante faixa-título. São músicas para embalar boas noitadas de Jogo da Vida ou para bailinhos onde blazer com ombreira e calça de cintura alta são trajes obrigatórios. Seguindo o raciocínio de Maynard James Keenan, que um dia falou que o Tool está para o King Crimson da mesma forma que Lenny Kravitz está para o Led Zepellin e Britney Spears para Debbie Gibson - ou seja, não em semelhança sonora, mas em influência e idolatria - diríamos que o Neon Indian ficaria com o Blade Runner mesmo.

01. (AM)
02. Deadbeat Summer
03. Laughing Gas
04. Terminally Chill
05. (If I Knew, I'd Tell You)
06. 6669 (I Don't Know If You Know)
07. Should Have Taken Acid With You
08. Mind, Drips
09. Psychic Chasms
10. Local Joke
11. Ephemeral Artery
12. 7000 (Reprise)

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